ESG para PME Agroalimentares: Um Modelo Sustentável com Raiz na Região Centro

Nos próximos anos, darei início a uma nova etapa académica e profissional: a realização de um doutoramento em Sustentabilidade Agroalimentar e Ambiental, no âmbito do qual irei desenvolver um modelo integrado de gestão sustentável baseado em princípios ESG, especialmente desenhado para micro e pequenas empresas (MPE) do setor agroalimentar na Região Centro de Portugal.
Este projeto nasce da experiência acumulada ao longo de mais de 20 anos no terreno, trabalhando diretamente com MPE, gestores, associações e entidades públicas. E nasce, sobretudo, da constatação de que muitos destes empresários querem adotar práticas sustentáveis — mas não encontram ferramentas simples, práticas e ajustadas à sua realidade.
Porquê ESG para MPE?
Muito se fala de ESG (Environmental, Social and Governance), mas pouco se faz para tornar estas práticas realmente acessíveis a quem tem poucos recursos, pouco tempo e grandes responsabilidades. As MPE representam mais de 99% do tecido empresarial português, especialmente no setor agroalimentar, e estão profundamente ligadas ao território, ao emprego local e à sustentabilidade das comunidades.
Contudo, enfrentam desafios muito específicos:
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Falta de conhecimento técnico sobre sustentabilidade;
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Pouca capacidade para aplicar métricas complexas;
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Acesso limitado a incentivos ou financiamento para a transição verde;
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Exigências crescentes por parte de cadeias de valor, consumidores e reguladores.
O que proponho?
Este doutoramento não será apenas uma investigação teórica. O modelo que irei desenvolver será:
✅ Aplicado: construído a partir de casos reais e com participação direta das empresas;
✅ Participativo: com envolvimento de gestores, associações e especialistas desde o início;
✅ Prático: com ferramentas de autoavaliação e planeamento adaptadas ao dia a dia das MPE;
✅ Validado: com teste-piloto em empresas agroalimentares da região e avaliação de impacto.
A estrutura da investigação incluirá:
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Diagnóstico das barreiras e necessidades reais;
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Co-construção do modelo e ferramentas ESG com os empresários;
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Aplicação em empresas-piloto;
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Avaliação do impacto organizacional, estratégico e territorial.
Que impacto se pretende?
Este trabalho visa produzir conhecimento com utilidade prática — tanto para os gestores, como para entidades de apoio ao desenvolvimento local e regional. Acredito que é possível alinhar a sustentabilidade com a competitividade, mesmo nas empresas mais pequenas, desde que as soluções sejam pensadas com e para elas.
Este modelo também poderá servir de base a programas de formação, diagnóstico institucional, candidaturas a financiamento ou até políticas públicas regionais mais inclusivas e realistas.
Uma investigação com pés no chão e olhos no futuro
Este doutoramento representa para mim mais do que um objetivo académico. É uma oportunidade para consolidar uma linha de trabalho que cruza ciência, território e impacto real.
Acredito que é na interseção entre conhecimento científico e conhecimento prático que reside o verdadeiro potencial transformador da sustentabilidade — especialmente quando aplicada à realidade concreta das MPE agroalimentares portuguesas.
Convido-te a acompanhar esta jornada. Irei partilhar reflexões, resultados, ferramentas e desafios aqui no blog ao longo dos próximos meses.

Nuno Militão
Docente | Consultor Estratégico em ESG e Sustentabilidade | Transformação Digital e Inovação Empresarial